sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

MULHERES FASCINANTES DA HISTÓRIA


Henry Thomas

Safo, a maior lírica do amor

O PROMONTÓRIO meridional de Santa Maura, no Mar Egeu, é conhecido pelo nome de Salto dos Amantes. Poucos marinheiros ousam aproximar-se dele, tão ríspido é o vento, tão forte a maré que o cerca.
Na antiga Grécia, chamavam-no o promontório de Leucádia, onde muitas mulheres belas e cruéis sentavam-se a cantar canções, para atrair os marinheiros que passavam, fazendo-os naufragar contra os rochedos.
Ali viveu a poetisa Safo, chamada por Swinburne "a maior lírica dos tempos". Compunha ela canções ardentes em verso e lecionava, numa escola de moças, a arte de escrever poesia. Pouco se sabe a respeito de Safo. Nasceu pelo ano 600, antes de Cristo.
Consta que tinha intrigas amorosas com suas jovens discípulas. Lesbianismo é o termo com que se designa esse gênero de anomalia sexual, e tem conexão direta com Safo e a ilha de Lesbos, onde ela vivia.
Ela era belíssima, ardente e ímpia. Errava pelas ilhas da Grécia, compondo música como o vento e versos arrancados das estrelas. Seus versos líricos são "poucos, porém rosas verdadeiras". Era apaixonadamente jovial e terna. Além dos fragmentos de sua obra, dois de seus poemas chegaram até nós. Um deles é uma Ode Afrodite, Deusa do Amor,
Para os que não apreciam a beleza do conceito grego da vida, Safo é incompreensível, uma mulher perversa, embora fascinante, que amou sem freio e que escreveu poemas, merecedores da admiração dos maiores críticos.
Sua poesia é a poesia do amor, envolta numa ardente simplicidade, que não se conseguiu reviver com êxito, nestes dois mil e quinhentos anos. Servia, com alma e corpo, à causa da beleza. Era erótica, sensível e sutil, viveu com a louca intensidade duma mulher livre de todos os freios. Era natural como a terra, que absorve a chuva, e o orvalho e o sol, para transformá-los no poema épico da vida.
A beleza é a imperfeição; contém tanto o impuro como o imaculado. Não é a humanidade sublimada, mas a humanidade mergulhada no turbilhão da vida. Pode expressar não só a serenidade como a inquietação. Tempos há em que a fraqueza é adorável, a maldade, patética, o sofrimento, sublime.
A tradição conta que Safo se lançou do alto do rochedo de Leucádia, quando seu amor pelo jovem Faon foi rejeitado e viu preferida a sua própria criada.
Ali, onde os vagalhões troam como trovões e as marés investem contra o peito da rocha, ali, na agitação incessante dos ventos, das ondas e dos rochedos, permanece o espírito de Safo, a primeira das poetisas e a mais fascinante das amorosas que o mundo já possuiu.


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