segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Mundo de Jô


Jô Soares diariamente invade as casas brasileiras, mas poucos o visitam em seu próprio lar. Em uma rara conversa em seu universo privado, o homem de mil talentos comprova por que há 50 anos é ícone obrigatório da cultura nacional
por PAULO CAVALCANTI
Encravado no centro de São Paulo, o bairro de Higienópolis às vezes se confunde com a bem mais popular Santa Cecília. Higienópolis é considerado um local habitado por gente tradicional e bem-sucedida. Suas ruas tortuosas e prédios antigos, mas bem conservados e espaçosos, são escondidos por jardins imensos de árvores frondosas. Em uma tarde pouco convidativa de sexta-feira, com chuva intermitente, temperatura baixa e de trânsito ruim, um desses prédios ancestrais é o local a ser visitado. Dentre os intelectuais, acadêmicos e artistas que habitam a região, poucos são tão notáveis quanto Jô Soares.
Aos 73 anos, o carioca José Eugênio Soares é um dos pilares do show business brasileiro. Em mais de 50 anos, deixou sua marca na televisão, na literatura, no palco e nas artes plásticas. A vida e a trajetória de Jô nunca foram convencionais e, naturalmente, isso é refletido no local onde ele reside. Na verdade, o apresentador possui dois andares em seu prédio: em um, está o apartamento de cerca de 600 metros quadrados onde efetivamente mora; no andar de baixo, encontra-se o Espaço Cultural Jô Soares, um local gigantesco e sem paredes, nada prosaico, simultaneamente exótico e confortável – uma mistura de museu, biblioteca, sala de reuniões e parque de diversões. É um ambiente incomum e que reflete e personalidade de Jô, suas idiossincrasias, interesses, conquistas e gostos pessoais. Espalhados pelas paredes imaculadamente brancas estão quadros pintados pelo próprio Jô e reproduções dos pôsteres de espetáculos antigos, desenhados por Ziraldo. Há espaço para uma variedade de miniaturas, um piano de cauda, uma jukebox Wurlitzer, uma máquina de refrigerantes antiga e uma réplica de quase 2 metros do Super-Homem, que encara a todos de forma magnânima. O inventário vai longe: uma vasta biblioteca, uma lareira, mesa de reuniões, um telão, sofás e poltronas; pendurados no teto, um helicóptero de brinquedo, um globo terrestre e um estroboscópio; e, na sala anexa, um estúdio musical, com instrumentos montados e prontos para uso (é ali que Jô ensaia com seu sexteto antes de eventuais shows). Mas nenhum item chama tanto a atenção no local quanto o tubo cilíndrico transparente que se estende do chão ao teto, semelhante ao sistema de teletransporte do seriado Jornada nas Estrelas. Aquele é, na verdade, o meio de transporte que o dono da casa utiliza para se locomover rapidamente do andar superior para o de baixo. E é exatamente dali que ele surge, inconfundível, de paletó estampado, suéter, calça jeans, sapatos marrons polidos e chapéu. No rosto, um par de óculos colorido; pendurada no pescoço, uma lente de aumento.


Leia a matéria completa em:http://rollingstone.com.br/edicao/edicao-62/o-mundo-de-jo

Nenhum comentário:

Postar um comentário