sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Minha cidade; minha saudade


Cidade de Caxambu - Minas Gerais

Em Caxambu teleférico para subir até o morro do cristo
Muito da magia existente no sul de Minas Gerais perderia o sentido sem Caxambu. Se a água é a dádiva maior da vida em nosso planeta, Caxambu é seu refúgio esplêndido, um lugar privilegiado e cuidadosamente escolhido pela natureza. O sabor, o aroma e a profusão abundante faz desta cidade uma paraíso para degustação de "poderosas águas".
  
Entre dois pequenos vales da Serra da Mantiqueira, numa área de 210 mil m2, dá-se um espetáculo natural. Reúne abundância, qualidade e variedade. Todo o vigor faz crer que Caxambu é berço de um dos maiores potenciais hidrominerais da Terra, se não o maior. Argumentos não faltam: são doze fontes, com propriedades diferentes e fascinantes, que jorram ininterruptamente do subsolo. Santas, virtuosas, milagrosas... Estes são apenas alguns dos adjetivos para suas águas, usadas desde a segunda metade do século XVIII em terapias e no tratamento de diversas doenças. Até mesmo a princesa Isabel, no século XIX, visitou a região para se tratar de uma suposta infertilidade.
        
Fonte Beleza. Água mineral alcalino-bicarbonatada e férrea, indicada para o aparelho digestivo

Da riqueza do subsolo nasceu uma cidade voltada para o bem-estar de seus habitantes e visitantes. Em Caxambu o lema é cuidar bem do corpo e da alma. O Balneário Hidroterápico oferece, com seus banhos, horas e mais horas de relaxamento e renovação de energias. As caminhadas desapressadas pelos bosques, os passeios de pedalinho e a subida de teleférico até o morro Caxambu (1090 m de altitude) são mais algumas das opções de lazer. Não podemos esquecer das fontes, que refrescam e proporcionam saúde como poucas.

As versões para a origem do nome Caxambu são bem variadas. Há os que defendem que vem de duas palavras africanas, cacha (tambor) e mumbu (música), que designavam os instrumentos musicais utilizados pelos escravos africanos na época. Os batuques lembravam o borbulhar das águas. Além disso o morro em cujo sopé se localizavam as fontes tem uma forma cônica, semelhante ao do tambor africano, daí passou a se chamar Caxambu. Entretanto a versão mais aceita defende que a palavra vem do tupi catã (fazer borbulhas) e mbu (mesmo que pu, que significa ferver). Sendo assim a tradução mais próxima seria "bolhas a ferver" ou "água que borbulha". A afirmativa se sustenta uma vez que o local já era conhecido por este nome antes da chegada dos primeiros escravos.

Caxambu possui uma boa infra-estrutura de hotéis. São famosos os congressos realizados durante todo o ano na cidade. Suas ruas e praças são tranquilas e um passeio por elas completa ainda mais a paz propiciada pela natureza local.

As virtudes das águas de Caxambu foram essenciais para o surgimento da cidade. Em 1674 a bandeira comanda por Lourenço Castanho Tazques alcançou o sopé de um morro de nome "Cachambum", vencendo os índios Cataguases e empurrando-os para o oeste. Passaram desapercebidos pelas fontes que, embora muito bem escondidas na densa mata, denunciavam sua presença pela fertilidade daquelas terras.

Fonte Dona Isabel e Conde D'Eu Igreja Santa Isabel de Hungria, construída a mando da princesa Isabel         

É difícil estabelecer quando foram descobertas as fontes. O certo é que foram achadas aos poucos, muitas vezes por acaso. Uma data significativa é 1748, com a construção, por Estácio da Silva, de uma capela homenageando N. Sra. dos Remédios. O nome faz crer que Estácio pode ter experimentado as qualidades de alguma fonte. Seja como for o pequeno e espalhado povoado, pertencente à freguesia de Baependi, passaria mais tarde a ser chamado de N. Sra. dos Remédios de Caxambu.

Duas fazendas (das Palmeiras e Caxambu) existiam nas redondezas em 1814. Provavelmente seus funcionários tenham se deparado com algumas fontes. Após beberem da água - e constatarem seu sabor estranho - deram origem aos rumores que se espalharam por toda a região. Em 1841 o lugar já era bastante visitado por pessoas acometidas das mais diversas enfermidades: reumatismo, lepra, cegueira e até mesmo loucura. Temendo a contaminação, o juiz de Baependi determinou a retirada de todos.

Somente em 1844 surgiram as primeiras construções. Felício Germano Mafra desbravou o matagal, descobriu três novas fontes e executou benfeitorias para que os enfermos pudessem aproveitar melhor as águas. Mafra foi encarregado desta tarefa por Antônio de Oliveira Arruda, fazendeiro de Barra Mansa que teve sua esposa curada pelas águas de Caxambu. Mesmo com as melhorias o desenvolvimento do lugar era demasiado lento e ainda não se viam casas nos arredores das minas em 1852.

Visitas ilustres chegaram em 1868, nada mais que a Família Imperial do Brasil. Vieram da Corte sabedores das magníficas qualidades das águas do lugarejo, onde permaneceram por um mês. Dom PedroII, dona Leopoldina, o duque de Saxe, a princesa Isabel e seu marido conde D'Eu batizam algumas fontes do Parque das Águas. Após tratamento a princesa Isabel, que sofria de anemia, engravida. Como gratidão manda erigir a igreja de Santa Isabel de Hungria. Nem os hóspedes imperiais conseguiram motivar o crescimento de Caxambu.
        
Análise das águas (1902)

A situação só começou a mudar em 1875, com a abertura de concessão para a exploração das minas. A Companhia das Águas Minerais de Caxambu, organizada em 1886 pelo Dr. Policarpo Viotti, realizou importantes obras como captação das águas, drenagem, construção do balneário e casas para aluguel. A concessão da empresa foi transferida em 1890 para o conselheiro Francisco de Paula Mayrink. As propriedades medicinais das fontes de Caxambu foram estudadas em 1893 por uma comissão de químicos e médicos da Academia Nacional de Medicina.

Caxambu floresce no início do século XX. Possui estação de trem, hotel e se emancipa de Baependi em 1915. A partir daí se tornou um dos principais pontos turísticos de Minas Gerais, junto às demais cidades do Circuito das Águas. Recebe visitantes influentes, como o jurista e político Rui Barbosa, que declarou: "Caxambu é um jardim de florescência deslumbrante". O município espalhou a fama milagrosa de suas fontes pelo mundo. Só para se ter uma idéia: em 1922 existiam permanentemente na cidade oito orquestras, contratadas exclusivamente para alegrar os hotéis e cassinos. As águas passaram a ser engarrafadas sem contato manual e exportadas em 1956.

Cartão de visitas

Atrativo máximo de Caxambu é o Parque das Águas "Dr. Lisandro Carneiro Guimarães", tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). São 210 mil m2 de área totalmente estruturada para o bem-estar do turista. Estar no parque é uma celebração aos prazeres que a água, e todo o conjunto da natureza, podem proporcionar.

A natureza encanta nos belos jardins, bosques e alamedas que compõem um lindo cenário. O homem soube retribuir, erguendo belos conjuntos arquitetônicos de estilo neoclássico. Bastante admirada também é a obra do português Francisco da Silva Reis, o popular "Chico Cascateiro". Os quiosques, as graciosas pontes e as cascatas artificiais que construiu, no início do século XX, marcaram uma época.

Os dois ingredientes, natural e humano, fazem do parque um lugar muito especial, que agrada a pessoas de todas as idades. Opções não faltam: pista para cooper; parquinhos com brinquedos educativos; passeio de pedalinhos num lago de 51 mil m2; piscinas com água mineral e toboáguas; quadras de tênis, vôlei e bocha; rink de patinação e o imperdível teleférico, que leva ao cume do morro Caxambu.

O bem-estar tem sua apoteose no Balneário (ou Centro) Hidroterápico, suntuoso prédio e verdadeiro cartão-postal da cidade. Construído no início do século XX, tem um imenso portal em vitral francês, confeccionado em 1912. O interior não deixa a desejar: o hall de entrada é recoberto com azulejos e pisos portugueses e ingleses, formando mosaicos. Oferece em suas instalações variados banhos (perolado, espumante perolado, espumante simples, turco, sulfuroso com pérola de ar e sulfuroso simples), que atendem às mais diferentes terapias e aplicações. Duchas (circular e escocesa), saunas e sessões de massagem completam a tradução mais precisa da palavra "relaxamento".

Fonte Dona Isabel e Conde D'Eu

Fonte D.Pedro

Lago e teleférico. Ao fundo morro Caxambu

Pista de cooper

Lago e pedalinhos

Lago de 51 mil metros quadrados

Bosque

Balneário Hidroterápico (vista externa)

Para informações adicionais - e fotos maiores - sobre o Parque das Águas consulte a "lista de atrações". Lá você vai encontrar as características das fontes, as aplicações dos banhos, entre outras curiosidades.

"Diariamente jorram 156.984 litros de água das fontes de Caxambu"

Nenhum comentário:

Postar um comentário